As bolsas caem a oeste e a oriente e os automóveis são incendiados em Tottenham, Norte de Londres. E depois já não só em Tottenham, mas os distúrbios estendem-se a Islington, um bairro de classe média. Hackney, meio-meio, também. Até em Oxford Street, um ícone da Londres rica, houve pedradas. De onde vem isto? Não estamos nem na Praça Tahir, nem nas praças de Tunes, nem na Praça Syntagma de Atenas.
Mas estamos na queda das praças europeias e nem a manutenção da libra fez escapar a Inglaterra a um programa de austeridade duríssimo, que está a acabar com o que restava do famoso "National Healthcare Service" construído no pós-guerra pelo sucessor de Churchill, o trabalhista Clement Attlee, mas fundado num consenso intrapartidário que só se começaria a esboroar nos anos 80, com Margaret Thatcher.
O que impressiona nos acontecimentos em Londres é a capacidade de um rastilho - uma manifestação pacifista em protesto contra a morte de um jovem por um disparo de polícia - ter posto a capital britânica a ferro e fogo. Há três dias que os distúrbios, os carros incendiados e as agressões não param. David Cameron cancelou as férias, depois do "duro" mayor de Londres, Boris Johnson, se ter recusado a voltar à cidade, argumentando que seria dar uma vitória aos desordeiros.
Infelizmente, é difícil nesta altura dissociar os acontecimentos de Londres da crise europeia e mundial. Os programas de austeridade que estão a ser aplicados um pouco por todo o lado - com os países intervencionados pelo FMI à cabeça - estão a conduzir a situações de desespero social. O desespero social é o maior dos rastilhos para derrubar ditadores, como se viu na Praça Tahir, mas também para derrubar governos legitimamente eleitos e, muito mais grave, para derrubar democracias. O movimento que levou ao derrube do regime de Ben Ali, na Tunísia, também começou com um rastilho - um jovem que se imolou pelo fogo em protesto por ter sido detido enquanto vendia fruta.
Até aqui, a Europa tinha tido a noção - que os programas de coesão e a União Europeia aprofundaram - que uma maior igualdade entre os cidadãos era, além de um valor moral e político, um sistema de segurança. Menos desemprego e melhores condições sociais das classes mais frágeis eram sinónimo de menos crime - valia a pena gastar dinheiro com isso. Agora, a crise só nos traz uma receita proveniente dos detentores do poder: austeridade em cima de austeridade dá crescimento zero e aumenta o desemprego. A situação mundial está à beira da explosão económica e ela é sempre, mas sempre, social. Em Londres foi destapado o barril de pólvora.
Mas estamos na queda das praças europeias e nem a manutenção da libra fez escapar a Inglaterra a um programa de austeridade duríssimo, que está a acabar com o que restava do famoso "National Healthcare Service" construído no pós-guerra pelo sucessor de Churchill, o trabalhista Clement Attlee, mas fundado num consenso intrapartidário que só se começaria a esboroar nos anos 80, com Margaret Thatcher.
O que impressiona nos acontecimentos em Londres é a capacidade de um rastilho - uma manifestação pacifista em protesto contra a morte de um jovem por um disparo de polícia - ter posto a capital britânica a ferro e fogo. Há três dias que os distúrbios, os carros incendiados e as agressões não param. David Cameron cancelou as férias, depois do "duro" mayor de Londres, Boris Johnson, se ter recusado a voltar à cidade, argumentando que seria dar uma vitória aos desordeiros.
Infelizmente, é difícil nesta altura dissociar os acontecimentos de Londres da crise europeia e mundial. Os programas de austeridade que estão a ser aplicados um pouco por todo o lado - com os países intervencionados pelo FMI à cabeça - estão a conduzir a situações de desespero social. O desespero social é o maior dos rastilhos para derrubar ditadores, como se viu na Praça Tahir, mas também para derrubar governos legitimamente eleitos e, muito mais grave, para derrubar democracias. O movimento que levou ao derrube do regime de Ben Ali, na Tunísia, também começou com um rastilho - um jovem que se imolou pelo fogo em protesto por ter sido detido enquanto vendia fruta.
Até aqui, a Europa tinha tido a noção - que os programas de coesão e a União Europeia aprofundaram - que uma maior igualdade entre os cidadãos era, além de um valor moral e político, um sistema de segurança. Menos desemprego e melhores condições sociais das classes mais frágeis eram sinónimo de menos crime - valia a pena gastar dinheiro com isso. Agora, a crise só nos traz uma receita proveniente dos detentores do poder: austeridade em cima de austeridade dá crescimento zero e aumenta o desemprego. A situação mundial está à beira da explosão económica e ela é sempre, mas sempre, social. Em Londres foi destapado o barril de pólvora.
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