Sorte
Sorte e Destino
O conceito em torno da sorte é um quase-sinônimo de destino, exibindo como principal diferença a divisão entre "boa sorte" e "má sorte" (quando se fala em destino, essa divisão é inadmissível) remetendo fatalmente, a um maniqueísmo mundano, provavelmente controlado por forças sobrenaturais. No entanto, imaginar que existe sorte é supor que existe a possibilidade de alteração do destino, conforme determinadas condições que geram os eventos (merecimento por exemplo) já que destino é que é o sinônimo de fatalidade, programação ou desígnio imposto por forças maiores, afetados por nossa atuação direta ou indireta.[carece de fontes]Apesar da separação prática entre as palavras destino e sorte, elas são algumas vezes usadas semanticamente de forma idêntica, ou em hibridismo, como por exemplo: o sujeito mudou o seu destino para melhor. Jogou na mega sena.
As forças que dão origem às várias situações em torno da sorte derivam de realidades ou imaginários cosmogônicos, metafísicos, místicos ou divinos, dedução que se obtém não do termo lexicografado, mas da crença popular.
A concepção de sorte é profundamente enraizada no imaginário popular, interferindo na conduta dos que nela acreditam, conforme a forma em questão. Em muitas culturas, imagina-se que a sorte possa ser obtida através de artifícios mágicos, como ferraduras de cavalo, trevos de quatro folhas, amuletos, etc., confundindo-se muitas vezes com questões relativas à influência de forças do além-vida.
Culturas nômades como os ciganos utilizam-se de diversos métodos de leitura do futuro ou da sorte dos desavisados, com o mais comum objetivo de lher arrancar algum valor pecuniário ou provisório, a despeito de muitos deles realmente acreditarem em tais eventos, e também praguejando ou bendizendo o destino dos que com eles se encontram (conforme o pagamento).
A sorte no imaginário
Diversas figuras do imaginário popular buscam representar e explicar a sorte. Na mitologia grega clássica, a sorte é representada pelas Moiras, que são três mulheres de aspecto lúgubre, responsáveis por fabricar, tecer e cortar aquilo que seria o fio da vida de todos os indivíduos. Durante o trabalho, as Moiras fazem uso da Roda da Fortuna, que é o tear utilizado para se tecer os fios.As voltas da roda posicionam o fio do indivíduo em sua parte mais privilegiada (o topo) ou em sua parte menos desejável (o fundo), explicando-se assim os períodos de boa ou má sorte de todos, dada a dinâmica da roda. Conta-se que o deus Ares fora o único ser capaz de submeter as Moiras à vontade dele; fora esta exceção, as Moiras jamais foram manipuladas, e nada se pode fazer para detê-las, ou ganhar-lhes o favor (até porque as Parcas entendem que o trabalho delas está mesmo acima delas próprias). Dessa forma a figura mitológica representa a sensação de impotência diante da dinâmica do universo e da vida.
A mitologia romana clássica oferece a figura da Fortuna, profundamente explorada por Nicolau Maquiavel em "O Príncipe", sua obra maior. Diferente das Parcas, a Fortuna é uma mulher disposta a conceder favores. De acordo com Maquiavel, este se obtém através da virtu, termo melhor traduzido não como virtude, mas virilidade,evidenciando portanto, o aspecto necessariamente ativo da busca pela sorte, ou seja, o de que a sorte é consequência até certo ponto, de trabalho e não do acaso. De acordo com o autor, se a Fortuna é mulher, nada mais natural que esta venha a se lisonjear com homens que estejam dispostos a domá-la. A ousadia, por exemplo, seria uma forma de "humilhá-la" e, portanto, lisonjeá-la. Vale lembrar que a abordagem de Maquiavel é destinada à leitura por um aristocrata absolutista, e dessa forma, os argumentos vão de encontro aos interesses e perfis psicológicos do Rei, tanto quanto do próprio Maquiavel.
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